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25/05/2018
Chamada de capa
Mercado vê incerteza em futuro da Petrobras.
Petróleo e Gás
A decisão da Petrobras de congelar por 15 dias o preço do diesel não só abala a confiança do mercado na atual gestão da empresa, mas coloca em xeque o êxito do processo de redução do seu endividamento.
O caso antecipou uma questão crucial: como ficará a independência da companhia diante da mudança iminente de seu acionista majoritário, a União. “O caso escancarou a fragilidade da Petrobras na gestão da politica de preços de combustíveis”, diz o economista-chefe da Nova Futura Investimento, Pedro Paulo Silveira. Pág. 5
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PETRÓLEO E GÁS
Mercado enxerga autonomia e futuro da Petrobras com mais desconfiança
A decisão de congelar por 15 dias o preço do diesel não só abalou a gestão da empresa, mas pôs em xeque a redução do seu endividamento, processo ligado à política de precificação da estatal
A decisão da Petrobras de congelar por 15 dias o preço do diesel não só abala a confiança do mercado na atual gestão da empresa, mas coloca em xeque o êxito do processo de redução do seu endividamento. Para analistas, o caso só antecipou uma questão crucial: como ficará a independência da companhia diante da mudança iminente de seu acionista majoritário, a União.
“O caso escancarou a fragilidade da Petrobras na gestão da sua política de preços de combustíveis. A empresa continua sendo uma estatal e depende muito de seu acionista majoritário”, avalia o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Pedro Paulo Silveira.
Segundo ele, seria difícil que a Petrobras continuasse repassando sucessivos aumentos de preços do mercado internacional sem sofrer forte pressão interna. “A eleição do próximo presidente da República vai ser essencial para o futuro da gestão da empresa.”
Para o analista da Upside Investor, Shin Lai, a decisão temporária de congelar os preços do diesel foi um retrocesso. “É nítido que os investidores ficaram insatisfeitos. A Petrobras está em um bom momento, de recuperação, mas essa medida fará com que a empresa arque com um novo prejuízo, em meio a um ambiente de muitas incertezas”, avalia.
Ele acrescenta que não se pode atribuir a crise somente à estatal. “O preço do diesel tem uma alta carga tributária e o Brasil é altamente dependente do modal rodoviário”, diz.
Segundo o analista da Planner Corretora, Luiz Francisco Caetano, apesar do presidente da Petrobras, Pedro Parente, ter garantido que o congelamento dos preços do diesel é temporário, o mercado está receoso. “Qualquer investidor pensaria duas vezes antes de aportar na estatal e esperaria uma maior estabilidade da política de preços”, afirma. “A primeira oportunidade em que houve uma confluência da desvalorização do real e alta do petróleo, a Petrobras já reviu sua política”, complementa.
Caetano destaca que o congelamento não é uma ameaça, por si só, à desalavancagem da estatal. “A perda é irrisória, mas temos um paradoxo: apesar do Parente ter muita credibilidade no mercado, quebrou-se a confiança.”
O professor do Ibmec/SP, Arthur Moraes, avalia que o risco na atração de investimentos no downstream – refino e distribuição – é uma realidade. “Temos que lembrar que o acionista minoritário não é só a pessoa física: vai desde o pequeno investidor até fundos de pensão estrangeiros, que ficarão inseguros com a ingerência do governo na política de preços da Petrobras”, diz.
Para o docente, há apenas pouco tempo os acionistas da estatal arcaram com os prejuízos da política de preços do governo anterior. “O que se espera é que haja independência na gestão da empresa.”
Custo do diesel
De acordo com o sócio e coordenador da área de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) e Tributário da Bornholdt Advogados, Geraldo Wetzel Neto, a política de precificação dos combustíveis pela Petrobras tem que variar com o mercado internacional, mas com margens para mitigar grandes flutuações altistas. “Apesar da petroleira ter ações no mercado, trata-se de uma empresa com controle da União. Precisa de um colchão para minimizar as crises de preços”, ressalta.
Para o especialista, o governo também deveria rever as alíquotas do PIS/Cofins sobre o combustível e a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) para o item. “A junção desses fatores com uma conversa futura com os Estados para rever a alíquota do ICMS sobre os combustíveis seria o cenário ideal para solucionar o problema, sem onerar exclusivamente o poder público ou a Petrobras.”
Enquanto isso não acontece, a tendência é que a diretoria da estatal continue pressionada. O vice-presidente do Senado, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), pediu ontem a saída de Parente do cargo, segundo ele, “para o bem do Brasil”.
Para Shin Lai, a saída do executivo seria muito danosa. “Isso desestabilizaria demais a Petrobras”, analisa. Caetano, da Planner, corrobora. “Ninguém pode dizer se a política de preços irá mudar em outras circunstâncias, mas seria muito ruim ele deixar o cargo.”
O executivo voltou ontem a dizer para analistas que a empresa não vai mudar a política de preços. Mas Silveira, da Nova Futura, lembra que Parente prometeu entregar o cargo caso sofresse ingerência nesta seara. “É difícil saber se isso vai acontecer. Nesse meio tempo, o mercado precisa reprecificar a Petrobras”, analisa.
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